Há algum tempo que especialistas afirmam que os indicadores utilizados para medir a situação de um país, como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), não atendem mais à complexidade da realidade atual. Um dos indicadores mais criticados, o do Produto Interno Bruto (PIB), pode sofrer alterações de cálculo, caso seja aprovado o Projeto de Lei 2900/11, que tramita atualmente na Câmara de Deputados.
A proposta, do deputado Otavio Leite (PSDB-RJ), estabelece o PIB Verde. Segundo o texto, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo cálculo do PIB, divulgará anualmente o PIB Verde, em cujo cálculo será considerado o patrimônio ecológico nacional, além dos critérios e dados econômicos e sociais tradicionalmente utilizados.
Segundo o parlamentar, o cálculo do PIB deixa de lado uma das maiores riquezas do País, seu patrimônio ecológico, e que a sua proposta tem como objetivo suprir essa lacuna. Ele ressalta que a modificação vem ao encontro dos anseios mais recentes, tanto no âmbito nacional, quanto internacional.
O momento, para Leite, é propício. Uma vez que um dos temas centrais da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, é justamente o da a economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável.
A matéria tramita em caráter conclusivo e será examinada pelas comissões de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e de Constituição e Justiça e de Cidadania.
Indicador
O PIB verde é um indicador que leva em conta as consequências ambientais do crescimento econômico medido pelo PIB padrão, ou seja, os custos ambientais.
A nova metodologia evita os “equívocos” considerados pelo PIB comum, como as grandes catástrofes e desastres ambientais. Pelo cálculo do indicador, que contabiliza somente o fluxo de mercadorias, eles acabam sendo positivos para o crescimento do PIB, pois a reconstrução das regiões afetadas gera empregos e movimenta a economia.
O modelo é inspirado na China, que lançou o primeiro relatório utilizando o indicador em 2006. Pelo novo cálculo, os países devem atribuir o valor econômico a serviços ambientais prestados pelos ecossistemas. Assim, esses valores possam ser incorporados à contabilidade do setor produtivo. A nova metadologia possibilita que o PIB passe a ser um indicador conjunto dos processos econômicos, da sustentabilidade ambiental e do bem-estar da sociedade.
As críticas ao PIB, entretanto, não são de agora. Estas existem desde que o índice passou a ser utilizado em larga em escala no Pós-Guerra. Na década de 70, o economista Simon Kuznets, um dos seus formuladores, chegou a admitir as limitações da métrica.
Fonte: Ecodesenvolvimento . Link: http://www.ecodesenvolvimento.org.br/posts/2012/fevereiro/projeto-de-lei-estabelece-o-pib-verde#ixzz1lurVsXzL